Recorde Mizé Folque c/vídeo

Maria José Esperança Mendes Folque recebeu o Região do Zêzere em sua casa em Ferreira do Zêzere para uma entrevista em janeiro de 2017. Já muito debilitada fisicamente fez questão de responder a todas as perguntas com o seu jeito frontal com que sempre enfrentou a vida.
Hoje recordamos essa conversa já com saudade.
Vamos ter saudade da sua presença, da sua cultura, das visitas aos correios e à "loja do Abílio" como lhe chamava. Dos seus vestidos, dos bailes e festas que promoveu, das cartas que escrevia aos políticos e bispos. Vamos ter saudades dos seus rolos de cabelo e do seu sorriso e da sua espontaneidade.
Até sempre Mizé. Obrigado.

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Nasceu há 84 anos na Casa do Castelo, no Chão da Serra, Ferreira do Zêzere.
Filha única, do notário de Ferreira do Zêzere Dr. Folque.
Confessou que teve uma infância e juventude feliz. Foi aluna do colégio particular do Dr. Sousa Pinto na Casa do Adro. Recordou com saudade a sua juventude alegre, as suas amigas, da família, das festas no salão dos Bombeiros.
Foi muito amiga do cantor Toni de Matos que trouxe várias vezes ao concelho para espetáculos.
Durante a guerra teve 107 afilhados. Uma das funções das madrinhas era o envio de cartas dando-lhes coragem, confiança e orgulho pela Pátria.
Referiu ao Região do Zêzere que sempre gostou de escrever e que cada vez que não concordava com alguma situação, escrevia a reclamar.
Foi assim que conheceu o Professor Marcelo Caetano. Trocaram mais de 20 cartas.
Não gostava de ver televisão e mantinha o contacto com amigos através do telefone, apesar das muitas queixas com o serviço.
Gostava do Obama, e não do Trump. Mantinha a convicção política no centro direita. Políticos portugueses não gostava de nenhum.
Tinha fé, mas dizia que tinha rezado pouco. Gostava de ir à missa.
Diz que não teve uma vida bonita, mas foi como pode ser.
A solidão e a tristeza estava bem expressa no seu olhar. Falta-lhe o convívio, a amizade dos ferreirenses.
Obrigado Mizé.