Domingo

Amós, recorda-nos hoje, que em tempos de austeridade, a sensibilidade pela solidariedade deve ser maior: «Aí daqueles que vivem comodamente, em Sião (...). Bebem o vinho em grandes taças e perfumam-se com finos unguentos, mas não os aflige a ruína de José.» (Amós 6, 1a.4-6).
São Lucas apresenta-nos «um homem rico, que se vestia Ide púrpura e linho fino e se banqueteava esplendidamente todos os dias». À sua porta estava o pobre Lázaro, que desejava saciar-se do que caía da mesa do rico. Depois de mortos, Lázaro foi «colocado pelos Anjos ao lado de Abraão», enquanto o homem rico «foi sepultado na mansão dos mortos, estando em tormentos» (Lc. 16, 19-23).
S. João Crisóstomo, no século IV, comentando este passo do Evangelho, dizia que este rico, gozando e vivendo na opulência de grandes banquetes, não padeceu tribulações mas não pode alcançar na eternidade o alimento necessário que recebeu o pobre Lázaro. Este passou fome em vida e, por isso, recebeu na comunhão com Deus o alimento da vida eterna.
Quem se julga superior aos outros e vive centrado nas suas riquezas, acaba vazio de identidade, pobre nas relações humanas que constroem a pessoa.
Senhor, na Tua parábola, só o pobre tem nome. O rico aparece sem rosto: simplesmente “o rico”. Ajuda-nos a amadurecer a nossa humanidade nas provas difíceis da vida e não nos deixes cair na tentação do comodismo.

Pe. Senra Coelho (www.rr.pt)