Conversa com o Padre João Pedro Silva


Como foi o seu percurso até à ordenação?

Comecei a pensar em ser padre bem cedo na minha vida. Penso que a primeira vez que o terei dado a entender foi quando a minha catequista da primária me pediu que fizesse um desenho sobre o que gostava de fazer quando fosse adulto. Eu desenhei-me a varrer o chão de uma igreja e expliquei-lhe que gostava de um dia servir a Deus nem que fosse a varrer o chão. Na verdade, ainda não sabia o que era ser padre, nem o que isso implicaria, tinha apenas a vontade de servir a Deus na Igreja.
Com o apoio da minha família, acabei por entrar para o Pré-Seminário (um tempo vivido ainda com a família, que serve para percebermos se o nosso caminho de felicidade passa por ser padre) no final do meu 5° ano escolar, em que tínhamos um encontro mensal com outros jovens da Diocese, bem como algumas atividades, entre as quais um Campo de Férias.
No final do 9° ano dei um passo mais adiante e entrei no Seminário Menor de Aveiro (tempo que já exigia que deixássemos a nossa família e amigos), que frequentei entre o 10° e o 12° ano. Dos jovens que entraram comigo nesse ano, acabaram por ir saindo todos, até que fiquei só eu. Após um ano de Propedêutico, que funcionava no Seminário de Leiria, entrei no Seminário Maior de Coimbra, onde completei os seis anos de formação filosófico-teológica, e colaborei pastoralmente no Secretariado das Vocações, no Pré-Seminário, na Pastoral Universitária, e nas paróquias de Penacova, Carvalho e Friúmes.
Após o Seminário, trabalhei, inicialmente como Diácono e depois como Pároco, nas paróquias de Bobadela, Ervedal da Beira, Lagares da Beira, Lageosa, Lagos, Meruge, Seixo da Beira, e Travanca de Lagos.
Apesar de a questão do sacerdócio se colocar cedo na minha vida, não quer dizer que nunca tivesse dúvidas, nem que deixasse de viver a minha adolescência. A beleza de qualquer caminho não é a falta de opções alternativas e por isso a necessidade de seguirmos pelo que conhecemos; mas sim, tendo  a possibilidade de escolher, optar pelo que nos faz feliz.

Foi ordenado há quantos anos?
Fui ordenado Padre no dia 11 de dezembro de 2011.

Como recebeu a notícia da vinda para Ferreira do Zêzere?
Recebi a notícia com a alegria e a disponibilidade que Deus, na pessoa do sr Bispo, sempre merecem. Apesar de tudo, não escondo alguma dificuldade em deixar o trabalho pastoral iniciado nas paróquias que deixei, onde só acabei por estar um ano.

Já conhece o concelho?
Já conhecia o concelho de algumas dinâmicas de sensibilização vocacional que faziamos pela Diocese, no Secretariado das Vocações e no Pré-seminário. Participei,  pelo menos, em duas dessas sensibilizações em Ferreira do Zêzere. Conhecia, sobretudo, Dornes, por lá ter feito alguns Campos de Férias com grupos juvenis.
Claro que existe um sem número de pessoas e realidades, que só o tempo e o trabalho pastoral darão lugar a uma aproximação. 



Do que conhece o que lhe agrada mais?
Para além da beleza natural da região, agrada-me (mas, por outro lado, também me responsabiliza) a expectativa com que as pessoas do concelho me parecem acolher, e a sua receptividade a novas ideias e projetos.

Vai trabalhar em 8 paróquias. Traz ideias novas? Novos projetos para os jovens por exemplo?
Espero que sim…

Vai coordenar a catequese?
Em diálogo com o Pe. Manuel Pinto dividimos o trabalho pastoral das paróquias por setores. Neste sentido, o Pe. Manuel Pinto, na qualidade de pároco in solido moderador, ficará com a responsabilidade de: Conselhos Económicos; Centro Social de Chãos; obras de conservação e manutenção dos espaços; zeladoras; serviço de sacristia; e outros serviços administrativos. Por outro lado, eu, na qualidade de pároco in solido, ficarei com a responsabilidade de: catequese de infância/adolescência; grupo de jovens; formação de adultos; iniciação cristã de adultos; assistência aos movimentos, entre os quais o Escutismo; grupos de leitores; grupos de acólitos; grupos corais; ministros laicais; ATL de Ferreira do Zêzere; grupos sócio-caritativos; e grupos de oração.
Em todo o caso, existem serviços paroquiais comuns aos dois párocos (como por exemplo o serviço de cartório, ou a preparação e celebração dos sacramentos) e poderemos colaborar um com o outro nos setores sob os quais não temos responsabilidade direta.

O que espera dos ferreirenses?
Espero que me perdoem quando errar, e que me ajudem a conseguir fazer crescer em mim, e nas pessoas que constituem as oito paróquias, uma fé mais viva e alegre.

Tem algum pedido a fazer-lhes?
Que, para além do pressuposto humano e da afinidade relacional (base de qualquer trabalho pastoral), vejam no sacerdote aquilo que na realidade deve ser: um ministro de Deus em favor do Seu Povo.