Domingo

No Evangelho de hoje, podemos ver-nos retratados nos conterrâneos do Senhor que, por julgarem conhecê-Lo perfeitamente, não conseguem superar os preconceitos que os impedem de acreditar. Jesus «estava admirado com a falta de fé daquela gente» (Me 6, 6). E afastou-Se, sem ressentimentos nem represálias. O Deus de Jesus Cristo é paciente e misericordioso. E convida-nos a ser como Ele: Pela vossa constância (paciência) é que salvareis as vossas almas» (Lc 21, 19); «Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso» (Lc 6, 36).

Afinal, as pessoas de Nazaré não conheciam Jesus. Enganaram-se a respeito d'Ele. Deixaram-se possuir pelos preconceitos e, por isso, as palavras que o Senhor lhes dirigiu na sinagoga não conseguiram convencê-las. A falta de fé consistiu, para aquela gente e também para nós, em não estar disponíveis para aceitar as possibilidades de Deus, para lá do que consideramos a «normalidade», em não contar com as «surpresas de Deus».

Por isso Te pedimos, Senhor, a simplicidade interior para Te vermos nos acontecimentos quotidianos de vida e percebemos que Tu actuas na “normalidade”. Que não esperemos encontrar-Te no exótico e no extravagante, mas no rosto de cada ser humano, no cumprimento do nosso dever, nos apelos da solidariedade fraterna, nos sinais dos tempos e naqueles e naquelas que muitas vezes são profetas para as nossas vidas.
Que nunca nos fechemos sobre nós mesmos na recusa do Dom de Deus que nos chega pelas coisas simples e pelas pessoas que Tu escolhes e nos envias.


P. Senra Coelho (in: www.rr.pt)