Domingo

II DOMINGO DO ADVENTO

«Não sou digno de me inclinar para Lhe desatar as correias das sandálias»

A Palavra deste domingo...
Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. 
Conforme está escrito no profeta Isaías: Eis que envio à tua frente o meu mensageiro,a fim de preparar o teu caminho. 
Uma voz clama no deserto: 'Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.’ 
João Baptista apareceu no deserto, a pregar um baptismo de arrependimento para a remissão dos pecados. 
Saíam ao seu encontro todos os da província da Judeia e todos os habitantes de Jerusalém e eram baptizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados. 
João vestia-se de pêlos de camelo e trazia uma correia de couro à cintura; alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. 
E pregava assim: «Depois de mim vai chegar outro que é mais forte do que eu, diante do qual não sou digno de me inclinar para lhe desatar as correias das sandálias. 
Eu baptizei-vos em água, mas Ele há-de baptizar-vos no Espírito Santo.»

Mc 1,1-8

A palavra da Igreja…
Há uma semana estamos a viver o tempo litúrgico do Advento: período de abertura ao futuro de Deus, de preparação para o Santo Natal, quando Ele, o Senhor, que é a novidade absoluta, veio habitar no meio desta humanidade decaída para a renovar a partir de dentro. Na liturgia do Advento ressoa uma mensagem cheia de esperança, que exorta a dirigir o olhar para o horizonte último, mas ao mesmo tempo, a reconhecer no presente os sinais do Deus-connosco. Neste segundo Domingo de Advento a Palavra de Deus assume os realces comovedores do chamado Segundo Isaías, que aos Israelitas, provados por décadas de amargo exílio na Babilónia, anunciou finalmente a libertação: "Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus. Animai Jerusalém e gritai-lhe que a sua servidão terminou" (Is 40, 1-2). Isto quer o Senhor no Advento: animar o seu Povo e, por seu intermédio, a humanidade inteira, para anunciar a salvação. Também hoje se eleva a voz da Igreja: "Preparai no deserto um caminho para o Senhor" (Is 40, 3). Pelas populações prostradas pela miséria e pela fome, pelas fileiras de refugiados, por quantos sofrem graves e sistemáticas violações dos próprios direitos, a Igreja coloca-se como sentinela sobre o monte elevado da fé e anuncia: "Aqui está o vosso Deus! O Senhor Deus vem com fortaleza" (Is 40, 9-10).

Bento XVI (Angelus, 7 de Dezembro de 2008)

A Palavra faz-se oração…
Neste Domingo, por que não rezar com um poema de Natal do Pe. José Tolentino Mendonça? Aqui fica a sugestão…


O Presépio somos nós
É dentro de nós que Jesus nasce
Dentro destes gestos que em igual medida
a esperança e a sombra revestem
Dentro das nossas palavras e do seu tráfego sonâmbulo
Dentro do riso e da hesitação
Dentro do dom e da demora
Dentro do redemoinho e da prece
Dentro daquilo que não soubemos ou ainda não tentamos


O Presépio somos nós
É dentro de nós que Jesus nasce
Dentro de cada idade e estação
Dentro de cada encontro e de cada perda
Dentro do que cresce e do que se derruba
Dentro da pedra e do voo
Dentro do que em nós atravessa a água ou atravessa o fogo
Dentro da viagem e do caminho que sem saída parece


O Presépio somos nós
É dentro de nós que Jesus nasce
Dentro da alegria e da nudez do tempo
Dentro do calor da casa e do relento imprevisto
Dentro do declive e da planura
Dentro da lâmpada e do grito
Dentro da sede e da fonte
Dentro do agora e dentro do eterno.

Contemplar a Palavra…
Estamos bem próximos do Natal! E, infelizmente, a calma e o silêncio de Belém não parecem inspirar as nossas publicidades, as nossas televisões… Tantas palavras, tanto ruído que procura “abafar” a única, definitiva e verdadeira Palavra de Deus para nós, que em cada Natal, contemplamos na ternura de Belém. A proposta de contemplação da Palavra, pela arte, de hoje, leva-nos ao projecto musical de Eric Whitacre, que procurou um coro virtual com várias vozes de diferentes países e culturas. A proposta é Lux Aurunque, que pode ser ouvida numa fabulosa interpretação virtual ou na liturgia pelo sublime coro da Catedral de Westminster (Londres).




Tradução Latim-Português:

Lux                             Luz

Gravisque calida                        quente e densa

Pura velut aurum                       como o ouro puro,

Et canunt angeli                        e os anjos cantam baixinho

Molliter modo natum.                 para o recém-nascido.
Diácono Francisco Claro