Filarmónica Ferreirense comemora 175 anos

A Sociedade Filarmónica Ferreirense comemora este fim de semana 175 anos ao serviço da cultura.
No sábado, 8 de julho no Centro Cultural de Ferreira do Zêzere início das festividades com concerto pela Filarmónica Idanhense, as "Adufeiras" do Rancho Etnográfico de Idanha-a-Nova, Orquestra de cordas da Casa do Povo de Ferreira do Zêzere e concerto pela banda aniversariante.
No domingo às 9h30 arruada na vila, 10h00 hastear da bandeira, romagem ao cemitério e às 11h30 missa solene na igreja matriz.


Historial

“Diz a tradição desta importante vila que a sua Música Popular teria aparecido um ano depois, pouco mais ou menos, da filarmónica Carrilense.

Não era de aceitar de bom grado que na pequena freguesia do concelho já existisse uma Sociedade Filarmónica, e na própria sede, a novidade da época – a música popular – não existisse.

A Arte dos Sons era bem o ponto de partida dos interesses espirituais ou políticos de cada agremiação e de cada terra; por isso a muito mais laboriosa população da vila se sentia estimulada a imitar a Banda da sua súbdita Carrilense.

Havia que encetar-se um caminho. A tal se dispuseram o Pároco Januário Mendes Ferreira, António Mota Cardoso e Filipe Godinho – proprietários do lugar da Cerejeira – que assim deram vida a uma corporação musical denominada Sociedade Filarmónica Ferreirense.

E em 1842 foi a fundação desta Banda Ferreirense, cujas vicissitudes tem suportado há já mais de um século.

A 8 de Julho de 1871 foi tornada oficial a sua existência. Pois no cartório do Tabelião de Notas José Lopes Leal Ferreira foi lavrada uma escritura pública a que foram passados os estatutos da Sociedade.

Dessa escritura foram testemunhas: António Lourenço, solteiro, oficial de farmácia, residente na Vila de Ferreira do Zêzere e Augusto Damazo de Carvalho, casado, que vive da sua agência, do lugar do Salgueiral. E outorgaram a dita escritura: Alexandre José da Silva, casado, alfaiate, de Casal da Cruz, Manuel António Luiz, casado, serralheiro, do lugar de Portinha, Filipe Godinho, casado, sapateiro, do lugar da Cerejeira, Augusto Ferreira, solteiro, alfaiate, do lugar de Cabeça do Carvalho, José Vaz, casado, serralheiro, do lugar de Portinha, Cristóvão Godinho, casado, sapateiro, do lugar de Castelo, Joaquim António de Oliveira, casado, proprietário, do lugar de Levegada, André Ribeiro dos Santos, casado, sapateiro, do lugar de Salgueiral, todos da freguesia de Ferreira do Zêzere, Manuel António dos Santos, solteiro, sapateiro, do lugar de Congeitaria, Anacleto António Rodrigues, casado, proprietário, do lugar de Venda da Serra, ambos da freguesia de Águas Belas, e ainda João Godinho e Joaquim Godinho, solteiros, sapateiros, José Maria Godinho, solteiro, marceneiro, e António Dias Ferreira, casado, proprietário, estes quatro últimos da Vila de Ferreira do Zêzere e todos do Julgado de Ferreira do Zêzere.

Os catorze outorgantes, como quem diz, os que aprovaram a letra dos estatutos da Sociedade, foram, decerto, os executantes que ao tempo a Banda teria no seu efectivo; pois as suas profissões são aquelas que mais se adaptam à vida de filarmónico.

A Sociedade Filarmónica Ferreirense é uma simpática Banda conhecida em todos os concelhos mais próximos (Tomar, Alvaiázere, seta, Vila de Rei, Abrantes, etc.), pelas inúmeras festas, quer civis quer religiosas, a que tem sabido comparecer galhardamente e com brilhantismo.

Em 1937 possuía a Banda 25 executantes e era seu regente António Lourenço.

Neste século da sua existência tem tido vida bastante irregular, atravessando crises, mas tendo-se mantido principalmente pelo auxílio de algumas dedicações, de entre as quais é dever salientar a do falecido proprietário da Quinta do Pinheiro, Adelino Henriques de Melo.
In: SFF