Feira do acordeon : Reportagem Agência Lusa

Ferreira do Zêzere
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Não falta trabalho a Leonel Rocha, o homem que faz acordéons à medida do artista.

publicado 14:31 15 outubro '11

Trabalho não falta a Leonel Rocha no atelier onde passa os dias a fazer e a reparar acordéons e concertinas, respondendo a encomendas que lhe chegam de todo o país e também do estrangeiro

Não falta trabalho a Leonel Rocha, o homem que faz acordéons à medida do artista

O rés do chão da vivenda que construiu em Ferreira do Zêzere está ocupado por centenas de acordéons, uns em construção, outros em reparação, e outros ainda já em exposição na loja que ocupa a dianteira da casa.

"Este é todo feito aqui", diz à agência Lusa pegando um acordéon vermelho, luzente, incrustado de brilhantes, resultado de uma encomenda. Porque faz tudo à vontade do freguês.

"O que o cliente pedir é o que o cliente recebe", afirmou, mostrando os "50 a 60 moldes" de desenhos com que trabalha, já que, tirando algumas peças, como os botões ou os chassis em alumínio, é das suas mãos que sai toda a estrutura do instrumento.

Leonel Rocha era emigrante na Alemanha quando, já lá vão 30 anos, se meteu à estrada rumo a Itália à procura de quem lhe ensinasse a arte do instrumento que o fascinava desde criança, um "bichinho" que veio primeiro do avô e depois do pai, que animava as descamisadas e os bailes da aldeia com uma "concertinazita muito velhinha".

Foi em 1981 que obteve da fabricante italiana Accordiola um contrato que o tornou representante em Portugal, ficando registada para si a marca Perle d`Or.

Nessa altura, ainda emigrante, comprometeu-se a vender 20 acordéons por ano, que "despachava" nas férias de Agosto e de Natal.

Regressado a Ferreira do Zêzere, Leonel Rocha já perdeu a conta dos acordéons que lhe passaram pelas mãos e só lamenta que o tempo não lhe chegue para as encomendas.

O instrumento voltou a estar na moda e só na escola que acolhe na sua vivenda andam "à volta de quarenta e tantos alunos", além daqueles que o professor Bruno tem em várias localidades da região que percorre durante a semana.

O filho da empregada que o acompanha há mais de 20 anos é a garantia de que a sua arte terá seguidores.

"O Bruno hoje está um afinador exímio. Posso entregar-lhe toda a parte mecânica, e na afinação é um dos grandes ouvidos do acordéon", disse.

O Atelier do Acordéon ocupa a parte central da área expositiva da Feira do Acordéon que se iniciou sexta-feira em Ferreira do Zêzere e termina hoje com a segunda Gala Internacional do Acordéon.

Foi a realização deste evento em 2010 que levou a autarquia a pensar numa iniciativa mais alargada, que permita aos amantes e curiosos do acordéon, além de assistirem a espetáculos, poderem participar em workshops e demonstrações.

"Queremos que [esta feira] cresça e se torne num marco nacional do acordéon", disse à Lusa o técnico da área cultural da câmara municipal de Ferreira do Zêzere, Hélio Antunes.

A feira, que tem as atividades concentradas no Centro Cultural, estende-se igualmente a vários restaurantes do concelho, que na noite de sexta-feira ofereceram à clientela animações de acordéon.