Tornado - a análise do Instituto de Meteorologia

No passado dia 7 de Dezembro, um tornado afectou os concelhos de Torres Novas, Tomar, Ferreira do Zêzere e Sertã, entre as 14h e as 15h30.
Este tornado, que numa primeira análise, pode ser categorizado no nível EF3 da escala de Fujita melhorada, encontrava-se associado a uma organização convectiva, detectada inicialmente a 180km a sudoeste de Lisboa, no campo de reflectividade do Radar de Loulé/Cavalos do Caldeirão, e diagnosticada pelo IM como Super Célula (SC), com base no critério de longevidade e dos elevados valores de reflectividade que apresentava pelas 13horas quando iniciava a sua entrada em terra, ligeiramente a Norte do Cabo da Roca.
A Autoridade Nacional de Protecção Civil foi imediatamente alertada para a progressão da referida estrutura sobre o território do continente. Este contacto enquadra-se nos procedimentos estabelecidos sempre que é identificada uma SC, considerando os fenómenos de tempo severo que previsivelmente lhe estarão associados, tais como chuva forte, granizo ou saraiva, trovoada e vento forte horizontal, e em alguns casos podendo mesmo originar tornados.

A SC teve um deslocamento para nordeste, passando sobre a região de Torres Vedras pelas 13h30 e atingindo a cidade de Tomar pelas 14h30, hora a que o tornado já se encontrava no solo, de acordo com os relatos conhecidos. Pelas 15h10 a SC saiu da área de observação do radar.
A identificação do trajecto de destruição do tornado associado à referida SC, resultou de visitas técnicas efectuadas por meteorologistas do IM, relatos testemunhais e, de modo complementar, da análise das observações efectuadas com radar. O trajecto começou a ser identificado ligeiramente a sudoeste de Soudos, concelho de Torres Novas, pelas 14h15 tendo igualmente sido confirmado por danos ocorridos nos concelhos de Tomar, Ferreira do Zêzere e Sertã, áreas que o tornado foi, sucessivamente, afectando. O rasto deixou de ser identificável numa região compreendida entre Macieira e Troviscal, tendo-se dissipado, possivelmente, entre as 15h10-15h20.

Resultados preliminares indicam que o trajecto de destruição compreendeu uma extensão total de, pelo menos, 54 km, com uma largura compreendida entre 150m e 350m, tendo a aplicação da escala de Fujita melhorada (EF) permitido categorizar o tornado no nível EF3 (entre 218 e 266 km/h, aproximadamente, correspondente a rajada de 3 segundos), a partir da natureza e intensidade dos danos causados. Esta intensidade corresponde ao valor mais elevado que foi possível estimar nos diversos pontos avaliados, ao longo do trajecto de destruição.